Nasci em Recife no dia de Todos os Santos e me criei em Salvador, na cidade de Todos os Santos. Sou atriz-pesquisadora, palhaça e escolhi a arte como caminho de vida. Em dezembro de 2007 resolvo sair da Bahia e ir em busca de um grande sonho. Mudo-me para Olinda (PE), volto para minha origem, meu berço e me reconheço finalmente. Em 2011 retorno para Bahia, agora para o Vale do Capão. E me deparo com um lindo caminho... Aqui apresento um pouco de tudo do que vim buscar e do que acredito.





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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Olhar de dentro.

Escrito em 27/01/2009

O MERGULHÃO:

No momento que iniciou o mergulhão duas rodas se formaram. Uma dos adultos, a maioria brincantes do Cavalo Marinho Estrela Brilhante e outra das crianças, a maioria eram galantes do “Cavalo Marinho PETI”. Comecei na roda das crianças. É muito interessante perceber a diferença de energia criada numa roda de mergulhão de crianças e de adultos. Na roda das crianças a energia é de brincadeira, de leveza, suavidade, dança, sorriso, sutileza. Depois fui para a roda dos adultos... Energia mais concentrada, exigindo mais atenção, concentração, prontidão, tônus, agilidade, uma energia forte! Fiquei com muita vontade de aprofundar mais a pesquisa nesse sentido, observando e experimentando essas diferenças.



A BRINCADEIRA:

Hoje foi minha estréia como Galante! Nissinha chamou Tainá para participar da brincadeira e depois perguntou se eu queria brincar, aceitei na mesma hora. Estava muito nervosa, já tinha conhecimento dos troupés, da dança com os arcos, mas não estava segura dos momentos onde o galante se dirige ao banco, dá textos (quadrinhas). Pedi para que os outros galantes e para que Tainá me ajudassem e fui. Muito nervosa no início. Estar dentro é emocionante, exige atenção, concentração, prontidão, condicionamento físico e acima de tudo presença. Um dos principais elementos que permeia a pesquisa. Tentei brincar ao máximo apesar da preocupação em não errar e não atrasar a dinâmica da brincadeira. A quadrinha que recitei no momento de “Seu Mané do Baile” foi?

“Sou pequeninha
Do tamanho de um botão
Carrego papai no bolso
E mamãe no coração.”

No cavalo marinho Estrela Brilhante tem o momento da “guerra de espadas”, que foi resgatado e poucos cavalos marinhos utilizam. Já havia assistido esse momento, executado por eles mesmos, no Projeto Conexão Cavalo Marinho e acredito que no Cavalo Marinho de Mestre Salú na casa da Rabeca, então consegui fazer uma boa execução. Me diverti muito, somente no início fiquei apreensiva, depois fiquei tranqüila e brinquei de verdade. Os galantes ficam quase toda a brincadeira, entrando e saindo em determinados momentos. No final toquei a Bajé no banco, no momento do boi, me senti pela primeira vez dentro, fazendo parte! As relações vão se dando aos poucos, as pessoas vão se conhecendo, se reconhecendo, fiquei muito feliz por isso, pela relação com os outros, com os brincantes tanto quanto participar da brincadeira. São pessoas humildes e de grande coração. A festa foi em frente à casa de Mestre Antônio Teles e de Nissinha (filha dele, a aniversariante), todos estavam convidados a entrar na casa, comer churrasco, bolo, dançar, brincar. Sinto que o cavalo Marinho Estrela Brilhante é mais aberto, receptivo e familiar. Pedi para Aguinaldo para sair de galante no Cavalo Marinho Estrela de Ouro no domingo seguinte, ele me olhou, fez uma pausa e disse que iria pensar. São mais reservados e já têm as pessoas certas para brincar. Mas quero experimentar mais e mais. Estou mais próxima de todos e isso me deixa feliz.

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