“Um dia uma
amiga Paraibana arrochada me perguntou: Se você fosse uma música qual seria? E
eu sem nem precisar pensar, respondi com um grande sorriso no rosto: EU SERIA
UM FREVO!
Dançando as
minhas memórias, meus registros, minhas várias facetas, me deparando com minhas
máscaras, muitas de proteção, outras de libertação! Encarando o que sou, quem
sou e o que tenho, desfazendo-me do que não quero mais e compreendendo o que
verdadeiramente é meu. Incorporando cada energia, presença e figuras presentes
no inconsciente coletivo. Manifestando a alegria de estar viva, de compartilhar
esse grande sonho chamado VIDA e despertar. Eu sou apenas um canal, um
receptáculo de sonhos, eu vivo, não represento, o palco só me coloca em foco,
em um lugar de destaque que me faz lembrar o poder da troca, a comunhão e
comunicação entre almas. É por isso que faço ARTE, é para isso que todos os
dias tento transpor meus limites, purificando meu corpo-mente-espírito e
podendo, desta maneira, doar a minha flor, doar o que de mais sagrado eu
possuo: a minha essência.
Manifesto-me
através do teatro e dança, treinando não mais para ser uma atriz preparada para
atuar, mas para me tornar, a cada dia, canal direto do divino que há em cada um
de nós. A minha trajetória no teatro me fez compreender que fazemos arte porque
é necessário, não falo de política, não falo de entretenimento, nem do cunho
social, falo dessa vontade além vontade que nos coloca em um estado de presença
e meditação, que nos põe em silêncio e observação, que nos proporciona o
esvaziamento da nossa casa interna e a felicidade de estarmos vivos,
descobrindo o poder da desconstrução.
O frevo foi
esse caminho de autoconhecimento e aprimoramento do meu instrumento (corpos-voz),
que me fez, me reconectar com a minha linhagem, acordando as memórias mais
profundas de cada célula do meu corpo, fazendo-me verdadeiramente me reconhecer
na ALEGRIA e na BRINCADEIRA. Encontrar um lugar onde me conecto com o outro e
sou inteira, sou total entrega e verdade, simplesmente sou, sem querer mais
nada, preenchida de memórias e sonhos, encontrando o real sentido da SAUDADE
que permeia esse lugar e sabendo que estamos próximos, bem próximos de alcançar
a nossa casa.
Difícil
explicar a alegria que me toma, o subir e descer das ladeiras de Olinda, o suor
em todo o corpo, num sol escaldante que para muitos seria o verdadeiro inferno,
cenário digno de pagar promessas! Para
mim é o céu... E viva os pontos de vistas! “A multidão me acompanha...eu vou!”
Já dizia Capiba... Fantasias, máscaras, espírito de brincadeira, irreverência,
expurgação, verdade e êxtase! Para mim isso é o carnaval. O momento em que se
tiram as máscaras, um momento de respiro em que a humanidade tem o direito de
tirar as vestes da ilusão e entrar na realidade (apesar de muitos pensarem que
é o contrário). Um instante ínfimo de libertação dentro do aprisionamento do
nosso sistema, onde todos, absolutamente todos são iguais e se abraçam na
pureza que somente as crianças guardam em seus corações. (Viviane Souto Maior,
07/09/2012)”
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