Nasci em Recife no dia de Todos os Santos e me criei em Salvador, na cidade de Todos os Santos. Sou atriz-pesquisadora, palhaça e escolhi a arte como caminho de vida. Em dezembro de 2007 resolvo sair da Bahia e ir em busca de um grande sonho. Mudo-me para Olinda (PE), volto para minha origem, meu berço e me reconheço finalmente. Em 2011 retorno para Bahia, agora para o Vale do Capão. E me deparo com um lindo caminho... Aqui apresento um pouco de tudo do que vim buscar e do que acredito.





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terça-feira, 16 de outubro de 2012

A herança de nós para nós mesmos.


“Um dia uma amiga Paraibana arrochada me perguntou: Se você fosse uma música qual seria? E eu sem nem precisar pensar, respondi com um grande sorriso no rosto: EU SERIA UM FREVO!

Dançando as minhas memórias, meus registros, minhas várias facetas, me deparando com minhas máscaras, muitas de proteção, outras de libertação! Encarando o que sou, quem sou e o que tenho, desfazendo-me do que não quero mais e compreendendo o que verdadeiramente é meu. Incorporando cada energia, presença e figuras presentes no inconsciente coletivo. Manifestando a alegria de estar viva, de compartilhar esse grande sonho chamado VIDA e despertar. Eu sou apenas um canal, um receptáculo de sonhos, eu vivo, não represento, o palco só me coloca em foco, em um lugar de destaque que me faz lembrar o poder da troca, a comunhão e comunicação entre almas. É por isso que faço ARTE, é para isso que todos os dias tento transpor meus limites, purificando meu corpo-mente-espírito e podendo, desta maneira, doar a minha flor, doar o que de mais sagrado eu possuo: a minha essência.

Manifesto-me através do teatro e dança, treinando não mais para ser uma atriz preparada para atuar, mas para me tornar, a cada dia, canal direto do divino que há em cada um de nós. A minha trajetória no teatro me fez compreender que fazemos arte porque é necessário, não falo de política, não falo de entretenimento, nem do cunho social, falo dessa vontade além vontade que nos coloca em um estado de presença e meditação, que nos põe em silêncio e observação, que nos proporciona o esvaziamento da nossa casa interna e a felicidade de estarmos vivos, descobrindo o poder da desconstrução.

O frevo foi esse caminho de autoconhecimento e aprimoramento do meu instrumento (corpos-voz), que me fez, me reconectar com a minha linhagem, acordando as memórias mais profundas de cada célula do meu corpo, fazendo-me verdadeiramente me reconhecer na ALEGRIA e na BRINCADEIRA. Encontrar um lugar onde me conecto com o outro e sou inteira, sou total entrega e verdade, simplesmente sou, sem querer mais nada, preenchida de memórias e sonhos, encontrando o real sentido da SAUDADE que permeia esse lugar e sabendo que estamos próximos, bem próximos de alcançar a nossa casa.

Difícil explicar a alegria que me toma, o subir e descer das ladeiras de Olinda, o suor em todo o corpo, num sol escaldante que para muitos seria o verdadeiro inferno, cenário digno de pagar promessas!  Para mim é o céu... E viva os pontos de vistas! “A multidão me acompanha...eu vou!” Já dizia Capiba... Fantasias, máscaras, espírito de brincadeira, irreverência, expurgação, verdade e êxtase! Para mim isso é o carnaval. O momento em que se tiram as máscaras, um momento de respiro em que a humanidade tem o direito de tirar as vestes da ilusão e entrar na realidade (apesar de muitos pensarem que é o contrário). Um instante ínfimo de libertação dentro do aprisionamento do nosso sistema, onde todos, absolutamente todos são iguais e se abraçam na pureza que somente as crianças guardam em seus corações. (Viviane Souto Maior, 07/09/2012)”

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